De acordo com os ensinamentos cabalistas a Revelação do Monte Sinai tem três mensagens que afetaram a história da humanidade e ainda estão por trás do impulso que nós, humanos, temos de desejar um futuro melhor para todos nós:
1. O salto quântico da escravidão para a liberdade, das trevas para a luz
A viagem ao Monte Sinai simboliza mais do que tudo, o caminho que cada pessoa deve percorrer para se tornar um verdadeiro ser humano, um ser criado à imagem de Deus. A consciência dos escravos no Egito representa o estado de espírito de desespero e desamparo. Aquele que está ocupado culpando os outros por todos os seus problemas, dores e sofrimentos, é um escravo do desespero e dos seus erros do passado. Também seria um escravo eterno da estupidez e / ou tirania dos outros. O escravo não pode ver nenhuma opção para uma realidade diferente; ele está escravizado ao seu estado de espírito e de desesperança. O Êxodo e a contagem do Omer simbolizam a capacidade de cada pessoa de pular e ir além dos 49 portões da impureza, ir além do desespero e da escuridão e transformar a sua realidade exatamente no oposto. Esse exato oposto é representado pelo feriado de Shavuot. É dito que, durante a Revelação do Monte Sinai, o povo ficou no sopé da Montanha, unida como uma pessoa só. Foi um momento de uma verdadeira unidade de amor e carinho entre todos os indivíduos de toda a nação. Portanto, quando as tábuas foram dadas (Êxodo 32:16), os sábios dizem que havia “liberdade” nelas.
“Liberdade” é um estado de espírito pelo qual a pessoa está conectada à sua verdadeira essência. Quem está em contato com o conceito de ser criado à imagem de Deus entende que liberdade significa assumir total responsabilidade pelo seu destino, pelas suas ações e pelas suas emoções, sentimentos e pensamentos. Liberdade é a capacidade de ascender. A Revelação do Monte Sinai deu-nos esperança, a capacidade de acreditar que uma solução está ao virar da esquina, que temos o poder de criar uma realidade nova e melhor. Só precisamos continuar a ter fé e continuar tentando. A Revelação do Monte Sinai deu-nos um grande presente, a capacidade de experimentar o amor verdadeiro. O amor autêntico só pode ser encontrado entre pessoas livres, aquelas conectadas à sua própria essência. Contudo, este não é o amor que a maioria das pessoas experimenta, que é realmente uma forma de dependência que leva a pessoa ao desespero, à angústia e à miséria.
2. Ter fé na bondade e na honestidade
Os Dez Enunciados/Declarações, mais conhecidos, por engano, como Os Dez Mandamentos, e a consciência que eles representam, significam a maior revolução na história da consciência humana. O Zohar vê As Dez Declarações como as manifestações das Dez Sefirot da Árvore da Vida, emanações de bondade e bem-aventurança do Criador. Esta também é uma manifestação da regra que ensina que “O propósito da Criação é dar a Sua bem-aventurança e bondade aos Seus seres criados”. Foi a primeira vez na história da humanidade que foi revelado um sistema de regras que explicava o sistema de “causa e efeito”, de uma forma que tinha a capacidade de tirar a humanidade das trevas. O Zohar ensina que o comportamento moral, ao assumir responsabilidade e fé na bondade será recompensado com sucesso em todas as esferas da vida, especialmente a realização neste mundo. As regras não são temporárias, não são feitas pelo homem; são leis universais que são também a aliança entre uma pessoa e o seu criador, acima das limitações de tempo, de espaço e de lógica humana.
As estatísticas das últimas décadas mostram que há uma relação direta entre o status social e económico de uma sociedade e a sua fé e crença nas regras de “causa e efeito” e nas leis dos Dez Enunciados.
3. A jornada para a imortalidade
O Zohar ensina que um dos maiores presentes dados no Monte Sinai foi o presente da imortalidade. De acordo com os Cabalistas, a consciência espiritual do feriado de Shavuot levaria a humanidade ao entendimento de que a morte e o envelhecimento não são um decreto do céu, mas são condições curáveis. É sabido que pessoas felizes e espirituais adoecem menos e a sua capacidade de recuperação é mais elevada que a de outras pessoas. De acordo com os Cabalistas, vivemos no tempo em que a consciência humana internalizará a mensagem de que a verdadeira liberdade está à mão, e a liberdade do anjo da morte (conhecido na tradição cabalística como a Ressurreição dos Mortos) será uma possibilidade real. Não é por acaso que a indústria antienvelhecimento cresceu tanto nos últimos anos.
Como nos podemos conectar a tudo isso durante Shavuot?
Está escrito no Zohar e nos textos do Rabi Isaac Luria que durante a contagem do Omer construímos a nossa habilidade de escapar da escravidão, e de nos tornarmos livres. Chegados ao feriado de Shavuot, ao pôr do sol, uma força metafísica muito poderosa desce ao nosso mundo, esta força é chamada na linguagem dos Cabalistas de “Sefira de Keter”. Essa força é o que pode conectar-nos a todos os conceitos e entendimentos que foram mencionados acima. Podemos compará-lo ao download de um programa de computador altamente avançado. O download continua durante a noite. A maneira de aproveitar esse dom é lendo um texto de acordo com as instruções do Rabi Shimon bar Yohai e do Rabi Isaac de Luria. O poder desta noite e da manhã seguinte é tão grande, diz no Zohar, que é maior do que o de Yom Kippur, uma vez que quem teve um decreto de condenação rigososo em Yom Kippur pode revertê-lo em Shavuot. E é assim que o feriado de Shavuot nos conecta aos sonhos e esperanças da humanidade, desde o início da sua história, na esperança de amor verdadeiro, de unidade, de imortalidade que é a liberdade do Anjo da Morte e de toda a dor e sofrimento.
*a partir de ensinamentos do Zohar e dos meus professores
