Devemos tudo fazer, tratar-nos a nós próprios e a todos ao nosso redor, com seriedade e devoção, mas também com alegria e leveza. Vale a pena integrar e atrair saúde, produtividade, humor e leveza de ser para todos os nossos relacionamentos. Levar a sério a nossa vida física, emocional, mental e espiritual permite-nos crescer em todas as áreas, mas isso não deve acontecer à custa da alegria e da leveza.
(…) Quando fazemos algo que vai contra a nossa natureza mais profunda, sentimo-nos pesados. Se então nos envergonharmos, nos culparmos ou nos depreciarmos, a sensação de peso pode aumentar a níveis aparentemente insuportáveis. Isso é simplesmente como adicionar insulto à injúria. Precisamos garantir que os nossos corações e as nossas casas, os espaços sagrados que criamos, sejam preenchidos com verdadeira alegria, um senso de propósito, valores, santidade e objetivos positivos, e também uma boa dose de humor saudável.
Com um senso de humor equilibrado, podemos criar um lugar agradável e feliz e, quando a vida dá uma reviravolta inesperada, podemos acalmar a situação e recuperarmos com mais facilidade. Se você escorregar e cair, não adianta ficar deitado a culpar-se por isso. Em vez disso, procure ver um pouco de humor nisso, rir, escolher livremente levantar-se e, então, estabelecer rapidamente medidas para evitar esse erro no futuro.
A raiva é equivalente a Avodah Zarah / servir os ídolos. Frequentemente, a raiva surge quando as nossas expectativas sobre nós mesmos ou outras pessoas, ou sobre a vida em geral, não se materializam como o esperado. Pessoas mais rígidas na sua autoimagem estão propensas a maiores erupções de raiva.
Uma medida saudável de riso próprio, levando-se de forma mais leve, embora com seriedade, e reconhecendo uma abertura para possibilidades alternativas, permite que alguém saia de modos restritos de ser e toque no Ein Sof da Sagrada Incerteza. Esta é a razão mais profunda pela qual precisamos de humor quando se trata da nossa própria ‘adoração de ídolos’ ‘pessoal’ – os nossos apegos do ego e de natureza egoísta.
Como pais, por exemplo, temos certas noções preconcebidas a respeito dos nossos filhos e da nossa família, para melhor ou para pior. O mesmo acontece com os filhos em relação aos pais. Mas, para ter um lar feliz, acolhedor e harmonioso, precisamos garantir que esse solo sagrado que cultivamos para nós mesmos e para os nossos entes queridos, o nosso companheiro e filhos seja irrigado com humor saudável.
Com apenas um toque de humor, podemos criar uma atmosfera agradável e alegre e, então, se algo der inesperadamente errado, será um antídoto para dissipar a tensão. Isso pode fazer com que os nossos filhos se sintam mais seguros, mais valorizados e amados, especialmente quando surge a tensão entre nós e os nossos filhos. Por exemplo, se o seu filho foi descuidado e deixou cair um prato caro, deve orientá-lo gentilmente para ter mais cuidado, mas adicionar um toque de humor antes de fazer isso pode ajudar o seu filho a manter-se conectado a si e a aumentar a probabilidade de realmente aceitar a orientação. Ou, por exemplo, está tentando transmitir uma mensagem a uma criança, talvez sobre como ela se beneficiaria fazendo mais deveres de casa; se usar o humor, descobrirá que pode transmitir a mensagem sem que ela se sinta ameaçada ou repreendida.
Isso também é verdade se a tensão já for palpável, por exemplo, o seu filho adolescente está sentindo frustração e constrói uma narrativa que o que faz está errado. Contanto que o seu humor não possa ser interpretado como humilhante ou “clamando vitória”, a frustração pode até virar honra para os pais.
O humor também é muito poderoso entre os cônjuges e noutros relacionamentos íntimos, mas em particular em relação a si próprio. Às vezes, precisamos usar um pouco de humor para nos livrarmos da raiva, da aversão a nós mesmos ou da frieza espiritual. Claro, o humor é uma ferramenta que precisamos empregar com sabedoria. Uma piada ou zombaria descuidada ou mal colocada pode causar danos irreparáveis à psique de um ente querido ou à sua sensação de segurança dentro do relacionamento.
Devemos construir a habilidade de rir amorosamente dos nossos próprios erros para que possamos aprender com eles e crescer como seres humanos sem sermos excessivamente duros connosco ou infligirmo-nos culpa.
Adote a prática de trazer um toque de humor saudável e alegria à sua vida doméstica.
